A revista Veja,
Era agosto de 2007. Nas primeiras horas de sexta-feira, chega uma esperada, mas não menos dolorosa notícia da perda de um amigo em Santa Catarina e a impossibilidade de dizer o adiado e temido adeus. O espetáculo não podia parar, compras a serem feitas, chef a ser recepcionado e tive de ativar na memória os bons momentos com o Dedé Ferlauto vivo, alegre, íntegro. E continuar entre tapas, cervejas e pimientos de Padrón. Como no filme... E chegam o chef Paquito - Vicente Más Gonzáles - e sua amada Fernanda diretamente do Rio de Janeiro para estrelar o Mesa de Cinema.
A trama de Tapas tem de tudo. Uma Barcelona fora dos clichês, com locações no subúrbio, mostrando a vida entrelaçada de cinco núcleos de personagens divertidos, calientes, perdidos, humanos. Até Ferrán Adriá aparece em um vídeo dentro do filme, ensinando a fazer umas tapas. No sábado, a emoção uma vez mais se espargiu pelo evento. A cada garfada, a cada detalhe do coquetel ao banquete meticulosamente preparado por Paquito sentia-se cuidado e orgulho de mostrar um pouco de sua cultura.
Na véspera, na cozinha do restaurante Moeda, já passava da meia-noite, e enfrentávamos um calor infernal depois dos pré-preparos, incluindo uma inusitada e instigante tarefa de limpar lulas frescas - puxa, elas são tão mais fáceis de lidar quando chegam branquinhas e já cortadinhas em anel! - Paquito fez a demonstração e seguimos na lida limpando o bichinho e separando "su tinta". Ao lado de Fernanda, Paquito é incansável, coordenando, orientando e supervisionando o ponto de batatas, alhos, pimentas, temperinhos e muitos, muitos, frutos do mar. O chef examinou equipamentos e ingredientes um a um, desistiu de fazer a paella em público como planejáramos para surpreender o público. Para ele, a paelleira não era ideal (a borda era muito alta) e ele não ia ensinar as pessoas algo errado. Ok. Chef manda, Rejane obedece!
Algumas delícias Paquito preparou em casa e trouxe prontas. Uma delas, os pimientos de Piquillo, uma pimenta que os espanhóis comem sem saber se vai arder ou não. E ele repetia uma frase da divulgação do filme: "La vida es como una pimienta de Padrón. A veces pican... y a veces no!" Padrón é uma região da Galícia onde se produzem esses pimentões pequenos verdes que se servem bem fritinhos e tem a característica de que alguns ardem como pimenta e outros são absolutamente doces.
Lá pelas tantas, ele larga: "Agora acho que tenho direito a uma cervezita!" Cervezita não. Algo mais que especial para o chef. Uma cerveja viva! Abrimos uma garrafa geladinha de Coruja, cerveja artesanal produzida na pequena Teutônia (RS) e que seria uma das atrações do coquetel do
Falei a ele que achava difícil, pois