sábado, março 07, 2009

Sushi com churrasco


É bastante peculiar observar como a capital dos gaúchos se tornou tão receptiva à culinária japonesa. Dos pioneiros Sakae’s e Sakura, abertos na década de 70, à profusão de opções que temos hoje na terra do churrasco, pode-se pensar na teoria da compensação. Devora uma picanha gorda com salada de maionese e batata no domingão depois redime a culpa com o peixe cru e broto de feijão na semana...

Sei lá! Eu defendo toda a forma de expressão e de arte. Para mim, e para muitos, gastronomia é arte. E em arte liberdade é fundamental. Embora, haja algumas veleidades sem freio como sushi em churrascaria. Não sou exatamente uma purista, mas há que se ter limites! Até dá para aceitar japonês de bombacha e gaúcho de quimono, mas sushi com churrasco ultrapassa os limites da convivência gastronômica civilizada! Vamos respeitar os espaços, cheirinhos e sabores de cada um!


O domingo se aproxima, vamos dar uma olhada nos preços da carne e, por aqui, um tour pela cena nipogastronômica de Porto Alegre.
Por muito tempo, nossa única referência oriental foi o Sakae’s (Castro Alves,690). Ali se aprendeu que comida japonesa ia além de arroz e peixe cru. Tinha um rígido limite de horário para chegar e algumas restrições à expansividade do brasileiro... Valia a pena submeter-se à sessão masoquista do atendimento já que a comida compensava qualquer olhar atravessado por estarmos invadindo o sagrado território nipônico. Hoje, a paz reina, mas continua recomendável não chegar muito tarde nem falar muito alto, né? Teppan yaki, sukyaki e outros nomes que atiçam a curiosidade e o paladar são boas pedidas para duas pessoas e com preços que não assustam. As carnes, legumes ou peixes vem em pedaços e a gente vai dando o ponto em uma chapa quente. Os temperinhos estão por ali: gengibre, wasabi, shoyu, cebolinha, fios de nabo, brotos, molho agridoce, etc. É divertido e muito, muito, saboroso. Legal pra ir com amigos e deixar a conversa rolar - não muito alta, nada de expansividade...

O Sakura começou pouco depois, era longe, lá pros lados da Ceasa e a grande maioria dos clientes era composta por imigrantes e descendentes japoneses. Nunca fui lá. Conheci já na Cristóvão Colombo, endereço atual. Foi lá que meu filho, aos três anos de idade, usou hashi pela primeira vez... Se saiu muito bem, pois tinha borrachinha unindo os palitinhos! O ambiente é muito agradável, bem-decorado e o cardápio também vai muito além dos sushis e sashimis, que, aliás, são excelentes.

Na virada dos anos 80 pros 90 veio a febre do sushi. Jovens magros, de gravata e jeans, muito gel no cabelo em falso desalinho e afins espalharam a idade do chique-saudável-minimalista-oriental como a comida a hora. But, what a big surprise! A modinha não foi efêmera. Ficou e proliferou. A geração saúde adotou a dupla sushi-sashimi como dieta diária e cardápio social. Nem sei quantos restaurantes japoneses temos hoje em Porto Alegre. Dos que já fui tem Saikô, Takedo, Sushi Tokai, Temari, Temakeria e Sushi by Cleber, todos bons, mas ainda prefiro mesmo os tradicionais Sakura e o Sakae’s. Uso muito a telentrega do Tsunami e do Sashiburi. Tem ainda o novíssimo Daimu, que ainda não visitei, e o Gokan, onde fui só uma vez e não me dei bem. E não me aventurei ainda no Sayuri, no Mercado Público.

É... o nosso intrépido mercado abriga um restaurante japonês. O cara vai, compra uma costela ou até uma tainha, calibra o estoque de erva-mate e come sushi! Serviço completo. E viva a diversidade!

6 comentários:

  1. Hmmmmmmmmmmmmm e escrito com o tempero certinho de graça e de humor. Da agua na boca --e nos olhos também.

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  2. Oi, Rejane!

    Muito interessante o artigo! Concordo plenamente, mas penso que a disseminação da culinária japonesa deve muito às churrascarias. Fiz um post hoje falando sobre isso. Vamos ver se a minha impressão se confirma, rs!

    Abraços!

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  3. Pois é, Fabrício, tudo sempre tem dois lados. Acho mesmo que muita gente viu e comeu sushi pela primeira vez fora do habitat natural do sushi, ou seja em uma churrascaria. Vamos ver se sua pesquisa comprova essa tese!Nos avise!
    Abraços!

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  4. Rejane

    Das artes japonesas eu fico com os hai-ku, com os dueto de koto e yokobue...as lindas gravuras e a maravilhosa arte do ideograma.

    A culinária está fora do meu alcance gustativo

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  5. Eu sei, eu sei... ninguém é perfeito!
    hehehe!

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  6. para eu sushi com churrasco e a uma combinaçao otima

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