domingo, fevereiro 15, 2009

Veludo na boca


Eu nada entendo de vinhos. Não sou exatamente uma neófita na área, mas ainda falta muito para afirmar que entendo da coisa. A convivência com experts, viagens e cursos, além da prática por conta das atividades na área de gastronomia, harmonizações, etc., me permitem alguns diferenciais de conhecimento, mas na maioria das vezes me sinto como aquele personagem babaquinha do filme Sideways (Sideways, 2004), o noivo mulherengo (Jack), que não conseguia acompanhar todas as nuances que o amigo enófilo tentava fazê-lo perceber. Uma ou outra coisa a gente consegue assimilar, mas alguns termos ainda causam estranheza como “maciez”... Lamento, eu fiz Letras e fico brigando com o uso adequado das palavras. Macio é travesseiro, lençol, queijo... Mas vinho? Ok, experts, não sou páreo. Não cheguei lá. Apesar de que alguns tintos me descem tão bem que é inevitável a comparação com um veludo na pele. Na pele! Não na boca! Uél... Sigo tentando. E diferentemente do Jack, não vou às vinícolas nem às degustações mascando chiclete. Alguma coisa eu já evoluí. Por falar em Sideways, que já nos propiciou três memoráveis edições do Mesa de Cinema, lembrei de outro filme que se presta muito bem para nossas viagens cinéfiloenogastronômicas (parece aglutinação alemã depois da queda do nosso saudoso hífen). O quarto aniversário do Mesa foi comemorado com o filme Um Bom Ano (A Good Year, 2006) que se passa na bela região da Provence, no sul da França. E foi de lá que vieram os vinhos que acompanharam o jantar preparado pelo chef Peter Knoblich, do Lorita Restaurante. Do coquetel assinado pela Andréa Ernst Schein, especializada em pâtisserie, à sobremesa, também da Andréa, todo o evento teve a companhia de vinhos da Provence. Um deles, o rosé Chateau de Chaberts 2006, ficou em 1º lugar com 88 pontos na avaliação da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, realizada em Belo Horizonte. Vinho, como quase tudo, é uma questão de gosto bastante pessoal. De todos os vinhos que desfilaram naquela noite (22.01) no Mesa de Cinema, a minha memória gustativa ficou marcada pelo sabor Duc de Raybaud – espumante rosé 100% Pinot Noir.

Ihhh... Será que ainda estou com a síndrome de Sideways na cabeça? Lembra? O Miles, o enófilo depressivo, passa o filme inteiro fazendo a apologia do pinot e destruindo o merlot. Licenciamentos marketeiros e cinematográficos que às vezes pegam a gente de jeito. Embora, não seja este o caso, mesmo que o marketing também seja um grande aliado da retomada dos rosés em nossa cestinha básica.

Duas dicas: os espumantes bruts da Dal Pizzol e da Adolfo Lona, ambos mesclam chardonnay e pinot noir e são encontráveis por cerca de R$ 27, e até menos como no site Vinícolas do Brasil.

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